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A crise do PSDB… e até quando o PT será um partido de “esquerda”?.

A entrevista da professora Hapobian só coloca lenha numa fogueira que precisa mesmo de … mais lenha.

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Hoje, na Folha, o jornalista Valdo Cruz comenta que o modelo de privatização dos aeroportos aprovado ontem pela presidente Dilma é semelhante ao que a então ministra da Casa Civil descartou durante o governo Lula por ser contra transferir a administração dos aeroportos ao setor privadoÉ, também, um modelo que a candidata Dilma não defendeu durante a campanha presidencial. Motivo: destoava da estratégia de sua equipe de colar no PSDB a pecha de privatista, reprise do que havia ocorrido na eleição de 2006.

O que mais dizer? Praticamente nada, exceto por alguns comentários. O posicionamento do jornalista está correto e mais interessante ainda a conexão feita com as duas últimas eleições. De fato, em linhas gerais, a postura do PT nas eleições presidenciais de 2006 e 2010, na TV, foi idêntica. E a do PSDB também. Para chegar ao segundo turno a oposição teve que valer-se de escândalos políticos e de corrupção (dossiê em 2006 e caso Erenice em 2010) e o PT, no segundo turno, bateu na mesma tecla: carimbou o PSDB como um partido privatista. E deu certo.

Mas, isso só mostra o quanto, por vezes, a eleição se torna um ambiente que não passa de um simulacro da realidade. Um ambiente, por vezes, dominado por técnicas de persuasão que agridem a razão e ofendem qualquer tentativa de ser minimamente inteligente. É isso mesmo, por mais que o marketing eleitoral, em estreita aliança com a publicidade, tente se defender ele não abdica de fórmulas absolutamente irracionais para conseguir o voto do eleitor. E isso vale para qualquer partido, não só para o PT.

Mas, passada a eleição vem sempre a realidade e, com ela, outras obrigações e comprometimentos não mais somente com os simulacros. É aí que surge outra afronta à razão: o cinismo. Vivemos o império dos cínicos. Mas, será que sou capaz de duvidar que em 2014 o PT pode fazer a mesma coisa? Nem em brincadeira em duvido. Em política, tudo, absolutamente tudo é possível, já que não estamos no terreno da racionalidade. E essa desconfiança serve para todos.

Mas, com o PT é muito interessante, afinal, estamos diante de um caso de pra esquizofenia, de dissociação com a realidade. O PT teima e ainda vai teimar por algum tempo em dizer que faz uma coisa bem diferente do que realmente faz. Há uma dissociação muito forte entre sua discursividade e sua ação política. Isso se destaca no PT por ter sido um partido que se construia para, exatamente, não fazer isso. Mas fez, e está fazendo muito bem. É esta dissociação entre discurso e ação que torna as falas de lideranças do PT algo como que delirantes, sempre dispostas a acusar um “golpe” em qualquer crítica recebida.

Seria muito bom alguém dedicar-se a averiguar o que, de fato, significa esta palavra “golpe” para o PT, pis ela é a preferida. Sempre que alguém faz uma crítica à ação do partdo ou do governo lá vem a defesa: “isso é golpe”!!. Ora, por que tanta dificuldade em lidar com a crítica? Seria isso, fruto de um ressentimento? de uma sensação de que o país deve algo ao PT e agora ele pode conseguir tudo e do jeito que quiser.

Já confiei no PT e já tive esperança, agora não confio mais e só tenho receios. Isso vale para a política em geral.

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O dia começa com o anúncio de que o Ministério Público Federal decidiu investigar os ganhos de Palocci. De acordo com o Procurador da República José Rocha Júnior, não foram apresentados PUBLICAMENTE justificativas que permitam aferir a compatibilidade dos serviços prestados com os vultosos valores recebidos (Folha, 27/05). Tal posição contrasta com as declarações da presidente Dilma de que Palocci JÁ estaria dando as devidas declarações. Há um conflito aqui, o que para a presidente é razoável, para o Ministério Público não é, ou seja, a pendenga se dá em torno do tema da “publicização”. Palocci precisa vir à público. É na esfera pública que a democracia se consolida. É na esfera pública que o homem público, obrigatoriamente, presta contas de suas atividades. Portanto, dizer que, por estar conversando com senadores, ou seus partidários, Palocci já estaria fornecendo explicações não convence a ninguém.

O fato é que este é o primeiro constrangimento por que passa Dilma. E, ontem, assistindo às suas declarações na TV percebi o quanto aquele semblante tranquilo do início do governo e da fase “Ana Maria Braga” havia desaparecido. Estava irritada, impaciente. Seu tom de voz era a de quem não estava ali para ser contestada, ou seja, esta é a Dilma que todos sempre conheceram e que, na hora que a corda estica ela se enfurece. Razoável, na posição que ela ocupa.

Ainda em sua declaração, nos disse esperar que a questão não seja politizada, e usou como exemplo as ligações entre os valores liberados pela Receita Federal para a W Torre e as contribuições desta para sua campanha presidencial. Ora, toda esta ligação pode até se revelar frágil, mas que é insinuante é. Como não ficar atento e com os olhos bem abertos para uma enorme liberação de recursos seguida de uma bela doação? É mais do que natural querer explicações.

E por que o governo não gosta de explicar-se, se é natural dos deveres do homem público essa obrigação? Rola pelo Brasil a algum tempo a ideia de que qualquer crítica ou denúncia que se faça ao governo seja uma “conspiração preconceituosa e eleitoreira das elites oposicionistas” (Ufa!!… acho que resumi em poucas palavras).

Isso é um sinal de arrogância de quem está no poder. Um sinal de prepotência por imaginar ocupar uma posição inabalável e acima das leis. Poderia até dizer que revela um tremendo “elitismo” (quando busca privilégios por acreditar-se acima da lei), um “golpismo” (quando desmerece o contraditório que é típico da democracia) e “eleitoreira” (quando revela-se oportunista para a manutenção no poder).

Ou seja, é tão fácil voltar as acusações do governo contra si mesmo. Só é preciso um pouco de atenção e disposição para levar às últimas consequências na defesa dos espaços democráticos.

O que houve com o PT em sua história? Onde foi parar todo aquele suposto capital ético? O que o poder significou ao PT? Não era para o PT ser igual a todo mundo, mas se tornou, e talvez pior, pois não só não se constrange com as críticas, como as desqualifica violentamente. Isso é uma atitude muito perigosa à democracia. O PT não se sente submetido às regras, aos deveres, se sente melhor, se sente mais capaz.

Por que? Seria o caso de se analisar o quanto existe de ressentimento aí, ou se é só oportunismo mesmo. O fato é que, se a sociedade brasileira quiser avançar, vai ter que fazer isso independente de grande parte de sua classe política e partidária. Vai ter que manter-se bem forte nas redes sociais, manter-se permanentemente conectada e de olho no cotidiano do poder.

O crescimento econômico e a ascensão de determinados grupos sociais não pode servir de pretexto, nem para governantes sepultarem a democracia, nem para se deixar de lado a atenção com a política.

E a bola da vez é o PT. Tem que ser observado em detalhes. Principalmente na sua capacidade discursiva, pois é na manipulação de um susposto capital ético somado ao crescimento econômico que encontra forças para negar vários de seus deslizes na condução dos negócios públicos. E isso tem sido tolerado. Mas, até quando?

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